sexta-feira, 19 de junho de 2015

Vamos para Paris!


Há muito tempo quero gritar ao mundo que vou fazer um pós-doutorado em Paris levando minha pequena de 03 anos! Mas, não queria dizer nada sem antes ser oficial, então esperava a publicação das portarias me liberando, apesar de já ter essa certeza há um bom tempo. Busquei, durante um tempo, locais pela internet em que pudesse ter informações sobre tudo, sobre como seria ir sozinha com uma criança passar um ano em outro país. Encontrei alguns sites que me foram úteis em alguns aspectos, não em outros, reuni informações e coragem para decidir. Criei este blog, há algum tempo atrás, que seria para, futuramente, reunir essas informações para ajudar outras pessoas.

A história começou com uma paixão que nasceu por Paris quando a visitei pela primeira vez em abril de 2013. Nunca fui aquela pessoa doida para conhecer Paris (era mais louca para conhecer Londres), mas confesso que me apaixonei por toda aquela melancolia e história que ronda o lugar. Combinei com meu companheiro na época que iríamos, no próximo ano, passar um mês para viver intensamente aquela cidade. Isso não aconteceu. Poucos meses depois a gente se separou e, junto com o luto de uma relação que findava, surgia a necessidade de buscar um sonho meu, sonho antigo, que desde a graduação alimentava – mas que não tinha condições de realizar -, a realização de um intercâmbio. Paralelamente a isso, meu doutorado caminhava em direções teórico-epistemológicas que foram consolidadas em um grupo parisiense do Conservatoire National des Arts et Métiers (CNAM) comandado pelo professor Yves Clot. Enviei e-mail a ele e descobri, meio à força, que eles não respondem e-mail tão facilmente. Mandei e-mail, então, a outro professor, da UFRN, que havia feito um pós-doutorado naquele grupo e fui informada que naquele mês o professor estaria em Natal e eu poderia conversar com ele.

Há-há. Fui ao evento. E só conseguia falar “je n’ai pas compris” [eu não entendi], com um francês enferrujado do meu tempo de adolescente. Ele não falava inglês, nem espanhol, e me disse em um francês (que eu pude compreender) que não poderia fazer pós-doutorado sem falar francês (óbvio, né? =/). Era outubro de 2013. Entrei em pânico. Voltei para casa meio derrotada, busquei um professor particular de francês e decidi que iria à Paris ter uma reunião com ele, para que ele pudesse ver meu esforço e meu desenvolvimento. Meus pais compraram minha ideia, agendaram a passagem comigo e em abril de 2014 lá fui eu – levando minha prima francesa junto, claro, hahaha – para o rendez-vous com o professor. Depois das apresentações, introduzi um “je vais essayer de parler” e tentei com um francês em evolução manter minimamente uma conversação. Ele notou meus esforços, meu crescimento, pediu que enviasse meu projeto e disse que, estando tudo ok, eu poderia fazer o curso com ele! Foi uma reunião excelente, ganhei até um livro dele, e saí satisfeita com a possibilidade. O plano era ir em março de 2015, mas devido ao início do semestre e ao fato da escola pública gratuita iniciar quando a criança tem 3 anos de idade [assunto para outra hora], resolvi que iria em agosto de 2015.

Retornei ao Brasil e li, li, li. Defendi meu doutorado. Li, li, li. Enviei meu projeto em julho de 2014 e em setembro de 2014 ele respondeu dizendo que recebeu (pois é...esqueci que julho e agosto são as férias de verão!). Em outubro recebi seus documentos (dentre eles, a carta-convite) e submeti pedido de bolsa de estudos para Capes e CNPq [detalhamento que vem depois]. Vejam só que o processo todo, desde a decisão até toda organização e ida definitiva, durou quase 2 anos. Foi um planejamento de médio prazo, tudo muito desejado, com muita (MUITA!!!) dedicação envolvida, porque não foi fácil lidar com tantas mudanças, burocracias, sem ter, de fato, certeza absoluta que iria se concretizar...

Post muito longo, por isso... Lição número 1 para quem quer fazer pós-doutorado no exterior: busque um grupo para se inserir, pois será preciso uma carta-convite da instituição/orientador para submeter propostas de bolsas. Lição número 2: nem sempre as coisas são tão rápidas quanto a gente deseja.

Nenhum comentário:

Postar um comentário