quinta-feira, 20 de março de 2014

Será que volto a virar gente?

Lembro como se fosse ontem quando entrei no mestrado, com energia de sobra, questionando as pessoas que relatavam dificuldades em concluir a pós, parecia tão simples! Terminei o mestrado do jeito que comecei, com muita energia, muito tranquilamente, quase como se não fosse nada demais... E veio o doutorado, e esse danado queimou o meu juízo. Eu fiz tanta coisa correndo, tanta coisa ao mesmo tempo, que de repente só a obrigação de terminar já não dava mais conta de motivar. Nem progressão salarial. Tentei reencontrar o amor pelo meu objeto de estudo, sei que o amor existe, mas ele ficou soterrado pela obrigação, pela burocracia, pelo dever. 

Hoje cá estou, um zumbi, na frente do computador o dia inteiro, dor de cabeça que não passa com nada, sono quebrado e estresse, muito estresse. Não produzo como gostaria, cada linha é um parto, mas ainda faltam tantas linhas! O tempo passa, corre, e o desespero aumenta. Preciso de pausa, mas não posso pausar; se eu paro, não produzo; se eu não paro, não produzo também, o que fazer? Menos de 2 meses para entregar a versão final, tantas demandas, tantas atividades, tanta desmotivação, nunca imaginei que fosse passar por isso! Tá difícil, muito difícil...no meio disso tudo fico me perguntando se um dia eu volto a ser gente, já que hoje ter vida fora do computador parece um sonho distante, uma utopia.

Por essas e outras que dou um conselho a quem ler isso aqui: nunca (NUN-CA) pergunte a um aluno de doutorado "como está o doutorado?" ou alguma pergunta similar que o faça lembrar disso. A cobrança que fazemos de nós mesmos todos os dias é enorme, e quando estamos longe dele só queremos tentar fugir, pausar, mesmo sabendo que ele tá sempre ali, porque diferente de um trabalho comum, as obrigações acadêmicas estão na cabeça, não tem como "bater o ponto". É, quem sabe um dia eu viro gente de novo...

Um comentário:

  1. Acabo de escrever uma msg pesadíssima ao orientador, que pede para antes de ontem a tese que formalmente posso entregar até junho. Cansada desse jeitinho que vc descreve, faço a proposta de que ele reconsidere essa decisão, meio (quase que literalmente) desejando que ele não aceite.

    Excluir um objetivo específico da pesquisa, eliminar dados de 45 entrevistas e me ver livre dessa bola de ferro intelectual à jato. Não é tentador?

    Enquanto a resposta dele não vem, só posso lhe oferecer aquele velho consolo de se saber acompanhada. Tamo junta nessa. E espero que estejamos também no retorno à vida.

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