quarta-feira, 30 de setembro de 2015

1o mês de aula e como vai a língua?

Hoje Liv completa um mês que frequenta a escola francesa e eu quero registrar bem o nosso percurso, pois foi algo que sempre buscava por aí, uma vez que creio ser a parte mais inquietante de uma mãe (ou pai) que se aventura em outro país sozinha com filho(s). Como disse em um post anterior, Liv não teve problemas em ir para a escola, ela sempre foi sem reclamar - exceto um dia ou outro que a preguiça tava grande para sair da cama, rsrsrs - e depois de três dias já começou a ficar na escola em período integral. Acordamos às 7h30; 8h50 deixo ela na escola e pego às 16h15. São 7h longe de mim, horas que eu uso para fazer minhas coisas, resolver algo de modo mais rápido - porque sair com criança é sempre um desafio -, estudar, ler, ficar à toa...de modo que das 16h15 até a hora de dormir eu fico com atenção exclusiva para ela. Finais de semana são dela também, não deixo nada para estudar sábado e domingo.

No final da 1a semana de aula teve uma reunião de pais e nela a professora falou sobre o que acontecia na escola. Disse que eles fazem todos os dias um pouco de exercício para a coordenação motora, que pode ser um percurso com obstáculos ou um percurso com bicicleta; que trabalham as formas, canções, linguagem; buscam também estimular a independência das crianças (reclamou, inclusive, que alguns pais se gabam do filho que sabe escolher aplicativos no celular, mas não consegue colocar o próprio sapato - ponto para a professora!). Na hora do almoço eles vão todos para o refeitório onde é servida uma entrada, o prato principal e a sobremesa. A alimentação é bem variada, no final do post tem uma foto com o cardápio que rolou no início das aulas. Depois do almoço, vão ao banheiro, depois pegam o doudou para tirar um soninho - sesta!. O doudou é algum bichinho (normalmente uma pelúcia) para a criança se acalmar, um amiguinho. Você escolhe um de tamanho pequeno/médio e ele fica na escola. Liv escolheu uma corujinha rosa que ela ganhou da avó dela no Brasil. Depois da sesta, eles vão ou para o parquinho ou fazer uma atividade em sala e nós vamos buscar. Quase sempre que chego eles estão ouvindo música :)

Apesar dela ter ficado facilmente na escola, o começo foi muito difícil para ela e para mim, e ela demonstrava isso através de uma forte agitação. Eu estava bem nervosa com esse novo momento, irritadiça; ela reagindo a tudo com choro, com grito, com agitação extrema; eu me irritava mais e era um verdadeiro caos. Eu conversava com ela, explicava que a gente precisava encontrar uma forma que não fosse tão estressante, mas tinha dias que a pergunta "que porra eu tô fazendo aqui?" ressoava na minha mente. As duas primeiras semanas foi de sono super agitado e emoções à flor da pele. Não cheguei a ter vontade de desistir, mas estive a poucos passos de gritar por socorro, hahaha. Todos os dias, a mesma coisa...buscava ela na escola, a professora dizia que ela não tinha conseguido dormir após o almoço, que estava muito cansada, fazendo muito barulho, e que, como ela não entendia a língua, acabava se irritando e extravasando as energias de outras formas. Ela dizia que ia passar, que eu não me preocupasse, mas eu ficava para morrer, sem saber o que fazer, me questionando se estava fazendo o certo em estar aqui, preocupada, e isso me cansava muito. Conversava muito com a Liv, dizia que era difícil mesmo, mas que precisávamos fazer um esforço, tentar se comportar melhor na escola, se acalmar...

Quando eu já estava cansando de ouvir a mesma resposta da professora, no final da 3a semana, a professora disse que ela estava bem mais calma, e dormindo bem na hora da sesta. Na 4a semana disse que ela estava compreendendo bem e que já estava tentando falar (pequenas palavras e frases do jeito que ela podia), e isso acalmou meu coração. De acordo com algumas pessoas que conversei o primeiro mês é o mais difícil mesmo - mas, nunca adianta os outros falarem até você viver a coisa de fato! - e que em geral depois de um mês eles já estão entendendo a língua. Voilà, comprovamos os dados. Claro que a Liv não entende TUDO, mas já consegue se virar. Quando eu falo em francês com ela - em geral eu falo traduzindo - e ela não entende sempre pergunta o que eu disse e agora não se incomoda mais se eu falo em francês. Antes ela dizia: "não, mamãe, não fale assim". Percebi, também, que ao longo do tempo vivenciando o francês o interesse pela língua foi aumentando. Por exemplo, antes quando ela pegava meu telefone ia direto para os aplicativos que tinham músicas em português; agora, ela abre 99% das vezes os aplicativos em francês. Desenhos animados 100% em francês. Ela curte bastante o Trotro, um desenho de um burrinho, e eu gosto que ela assista porque ele faz coisas do cotidiano, narrativas que auxiliam no vocabulário e ritmo da língua; gosta também da Émilie, uma gatinha; assiste o Caillou de vez em quando; e filmes tudo em francês. Eu assisto junto porque também me ajuda, hahaha. Às vezes ela mistura palavras em francês nas frases em português ou fala umas enrolações que pensa que é francês, mas o processo tá rolando bem...

O começo é desesperador, mas parece que de fato o primeiro mês é o mais cruel. O fato dela já ter vivência na escola para nós foi ótimo porque a língua foi o único fator de estresse. Conheci pessoas que a criança foi para a escola direto em outra língua e a coisa tá caminhando, mas não sei, talvez seja estressante demais. Eles pedem que a criança esteja desfraldada e muitas que chegam ainda estão sedimentando essa aprendizagem, imagino que deva ser difícil para elas...neste sentido, foi ótimo que Liv tenha chegado já com habilidade de ir ao banheiro sozinha. Eu até achei que ela pudesse ter algum acidente no começo, por não conseguir pedir para ir ou porque ficou entretida em outra atividade, mas não teve...todos os pipis e cacas foram no banheiro. Creio que isso é mérito também da escola, porque eles levam todas as crianças ao banheiro nos intervalos das atividades, de modo que Liv nem precisava pedir. 

Estou satisfeita com a escola e confiante que conseguirei estudar o que preciso nestes intervalos que Liv está na escola. Tudo que eles abordam aqui é igual ao que era abordado na escola brasileira, a diferença é que eles são mais regrados, possuem horários (até os pais precisam seguir as regras! Tem hora para deixar e buscar, isso é religiosamente cumprido por todos), uma rotina bem estabelecida, mas não vi nada de assustador, de frieza, pelo contrário...eles são atenciosos, carinhosos, todo dia somos recebidos com sorriso, educação, de todo o pessoal da escola. Uns são mais afetuosos que os outros, mas em todo canto é assim, né? As diferenças que vi aqui - na escola! - em nenhum momento foram pontuadas como negativas por mim. Depois de uma semana intensa, sábado de manhã Liv vai ao "Bébé Gym", que acontece na própria escola e é gratuito. É aula de ginástica, eles trabalham o desenvolvimento motor de forma lúdica, super bacana! No fim, quem tá mais aproveitando da vida francesa é a Liv! :P

Cardápio que rolou no início das aulas

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