quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Uma faca de dois gumes

Hoje eu me lembro de algumas coisas que eu pensava antes de ser mãe e do quanto eu não imaginava a força que tinha esse nosso instinto de proteção! Tem um livrinho aqui em casa de dois coelhinhos falando do tamanho do amor, o filho tentava dizer ao pai o quanto ele o amava e o pai dizia que o amava mais...achei a história meio bizarra, parecia uma competição, parecia que o pai diminuía o amor do filho. Por outro lado, extrapolando a leitura, isso me fez pensar sobre o quanto a presença dos filhos causa - naqueles que estão dispostos, claro - mudanças tão significativas que fazem do nosso próprio umbigo uma causa pequena e que nós somos muito mais afetados do que eles.

Ser mãe e ser psicóloga é uma faca de dois gumes. Até hoje eu estava em lua de mel com a Psicologia, observando algumas coisas lindas do processo de desenvolvimento da minha filha, curtindo cada aspecto novo, cada aprendizagem legal, vendo algumas coisas que a gente estuda, que eu ensino. Hoje comecei a me dar conta de alguns comportamentos bem característicos de fases de mudanças significativas, perdas, e fiquei com meu coração bem pequenininho. Sei que ela precisa crescer, precisa enfrentar as batalhas que o mundo vai oferecer, mas ela é tão novinha, tão pequenininha, que doeu. Ficamos nos olhando enquanto ela mamava e eu dizia no meu olhar que queria dar um abraço tão forte nela, tão forte que fizesse ela voltar para minha barriga onde eu podia protegê-la de qualquer coisa! Voltei atrás de algumas decisões imediatas que envolviam outras mudanças e decidi que agora ela só precisa que eu dê segurança, amor e paciência. Ela me disse hoje, mais de uma vez, o quanto precisa de mim, precisa que eu seja mais forte e a ajude a passar pelas tempestades da vida. Mal sabe ela que, na verdade, eu ganho muito mais com a presença dela do que ela com a minha...

E aí eu volto para a minha lua de mel, entendendo que isso não significa só coisas boas, mas significa ser sábia o suficiente para ver, ouvir, interpretar e agir, sem perder de vista o amor que nos levou até lá.

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