quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Eternos conflitos com a internet...

Faz um tempo que estou tentando escrever alguma coisa para o blog mas não consigo por me deparar sempre com a mesma questão: quem vai ter acesso? Cada dia mais tenho me incomodado com a vivência através da internet, o excesso de exposição - muitas vezes causado por nós mesmos - e o impacto dessas coisas na nossa vida. Será que as coisas que eu coloco aqui podem realmente ser lidas por todo mundo? O que é que pode ser lido por todo mundo? Todos os dias acontece alguma coisa que mexe comigo em relação ao tema e me faz ficar cada vez mais certa que fiz bem em sair do facebook. Uma amiga, dia desses, conversou comigo e disse "ah, é porque Fulano postou isso"...a postagem de Fulano acabava interferindo na minha vida, nas coisas que essa minha amiga saberia de mim sem que fosse através de mim, isso não soa bizarro? Alguém saber de mim, algo que é meu, só meu, sem ser por mim? E se eu não quisesse dividir? Fulano não estava errado, ele estava falando dele, mas até que ponto o nosso 'eu' é só nosso? Outro dia foi a minha mãe, que veio comentar sobre uma saída da Liv, dizendo "ahhh, eu vi que você estava com Sicrano, Beltrano, fazendo não-sei-o-quê"...na hora eu pensei: "oxe, como é que você sabe disso e EU não sei?". Facebook. Ninguém se comunica mais, ninguém conta mais as coisas, simplesmente publicam no facebook e passam a acreditar que agora não precisam mais falar porque está lá, para todos verem; e, se está lá, automaticamente todos sabem, então parte-se do pressuposto que já é algo sabido, já é passado, não se conversa sobre. Se alguém desabafa um sentimento triste e eu curti, comentei, pronto, está resolvido, não se fala mais nisso. Quanta superficialidade nas relações! Quanto mais eu interajo com o mundo e, principalmente, comigo mesma, menos eu tenho vontade de retornar às redes sociais e mais eu questiono a existência desse blog.

Hoje por pouco não deletei o blog, porque ficava filtrando o tempo todo o que colocaria aqui e quão importante (ou não) seria publicar as coisas que tem aqui. Não apaguei por um motivo meu, que é só meu, de elaborações futuras, coisas que pretendo colocar aqui por ter precisado delas e ter tido dificuldade em encontrar, mas que ainda não são publicáveis. E aí? Qual o motivo do blog existir no presente? Agora? Tô virando "a chata da internet", hahaha... Ferramenta maravilhosa, que me ajuda DE-MAIS todos os dias, mas absurdamente sugadora de força vital. Todo mundo vidrado nela noite e dia, dia e noite...computador ligado 99% do tempo, celular em punho 100% do tempo, a urgência com temas não urgentes, a necessidade de fazer as pessoas estarem perto, sem se esforçar em fazê-las estarem perto de verdade. Aos poucos estou tentando eliminar essas urgências, aprendendo a simplesmente deixar para depois, colocar a mim mesma como prioridade, acima dos artefatos. Minha orientadora de mestrado e a atual, de doutorado, pareciam para mim duas ET's que não se familiarizavam com as tecnologias, mas aos poucos tenho visto que elas têm muito mais tempo para viver a vida delas do que eu mesma tinha naquele frenesi com a internet. E olha que eu nem me considerava a pessoa mais viciada de todas, imagina se eu fosse! Eu conseguia sair sem postar onde estava, ficar com os amigos sem precisar responder whatsapp ou entrar no facebook, mas conheço muitos que não conseguem e agora, que estou de fora, fico vendo o quanto a gente está perdendo de contemplar a vida! Estou muito ansiosa para contemplar coisas, vivenciar coisas diferentes e dividir essas coisas só comigo, com mais ninguém...quantos segredos gostosos eu tenho guardado comigo, quantas descobertas eu tenho feito! Estou adorando aprender mais sobre mim mesma e muito ansiosa pelo que está por vir...pareço mais ausente, mais distante, mas estou, paradoxalmente, mais próxima, é assim que eu me sinto.

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