domingo, 8 de dezembro de 2013

O dia que me senti fazendo parte da História

Eu devia ter escrito este post no dia que eu fiz parte da História, dia 05 deste mês, mas ando completamente atolada de compromissos - para variar - que acabei não conseguindo cumprir a minha missão. Quando fui convidada para ir a um casamento senti um misto de alegria e orgulho. Natural, quando há uma relação de proximidade, amizade envolvida; mas o sentimento foi aumentado por ser o casamento de duas amigas minhas (entre si, se é que alguém não entendeu)! Para mim, a questão não é discutir a falência da instituição casamento, ou a fragilidade que ela se tornou, ou, mais ainda, a superficialidade envolvida em muitos deles, mas ressaltar a possibilidade que TODOS tenham direito a celebrar o amor da forma que melhor os convier. 

Eu tenho bastante preconceito com religião  e as impossibilidades CRIADAS por ela. Não consigo aceitar instituições ditando regras que naturalizam comportamentos sociais. Casamento é social e, por ser assim, pode ter o seu formato modificado, transformado. E o nosso Estado, supostamente laico, durante tanto tempo lançando barreiras sobre algo que não fazia sentido nenhum! Casamento civil não é a união de duas pessoas que, perante a lei, começam a ter regras, direitos e deveres? Ora, então por que duas pessoas do mesmo sexo eram impedidas? Simples, porque apesar da nossa Constituição ditar laicidade, nosso Estado está longe de ser laico e é cristão, muito cristão... Isso me incomoda profundamente, é um absurdo que as pessoas não possam garantir os direitos dos seus entes queridos diante da lei por um impasse puramente religioso (não que eu seja a favor da lei, mas se ela existe, todo mundo deveria ser contemplado, não?). 

Discussões à parte, não vim defender meu ponto de vista sobre a questão, quinta-feira passada pude presenciar um amor de 9 anos sendo celebrado em um casamento. Senti um nó na garganta quando o juiz perguntou do desejo real, senti que estava se traçando ali uma possibilidade de mudança, senti que estava vivenciado, criando História. Sonhei por alguns segundos com o futuro, imaginando minha filha adulta, andando pelas ruas com tranquilidade, ao lado de casais homossexuais, casais heterossexuais, relações de outras ordens, relações que são o que são porque funcionam, independente do rótulo que levam (desde que seja, obviamente, o desejo daqueles que as vivem), sem que isso cause medo, raiva, estranheza, vergonha...sonhei com ela vivendo em um mundo que as pessoas podem ser simplesmente o que elas são e sejam respeitadas, aceitas. Sonhei por alguns segundos, mas foi tempo suficiente para perceber o quanto ainda temos que mudar, que ainda há muito espaço para crescimento, desenvolvimento, e eu pretendo, na medida do possível, fazer parte desta História e (tentar) ajudar a minha pequena a crescer um pouco mais livre das amarras que tanto nos imobilizam até mesmo a pensar. E que assim seja!

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