Eu devia ter escrito este post no dia que eu fiz parte da História, dia 05 deste mês, mas ando completamente atolada de compromissos - para variar - que acabei não conseguindo cumprir a minha missão. Quando fui convidada para ir a um casamento senti um misto de alegria e orgulho. Natural, quando há uma relação de proximidade, amizade envolvida; mas o sentimento foi aumentado por ser o casamento de duas amigas minhas (entre si, se é que alguém não entendeu)! Para mim, a questão não é discutir a falência da instituição casamento, ou a fragilidade que ela se tornou, ou, mais ainda, a superficialidade envolvida em muitos deles, mas ressaltar a possibilidade que TODOS tenham direito a celebrar o amor da forma que melhor os convier.
Eu tenho bastante preconceito com religião e as impossibilidades CRIADAS por ela. Não consigo aceitar instituições ditando regras que naturalizam comportamentos sociais. Casamento é social e, por ser assim, pode ter o seu formato modificado, transformado. E o nosso Estado, supostamente laico, durante tanto tempo lançando barreiras sobre algo que não fazia sentido nenhum! Casamento civil não é a união de duas pessoas que, perante a lei, começam a ter regras, direitos e deveres? Ora, então por que duas pessoas do mesmo sexo eram impedidas? Simples, porque apesar da nossa Constituição ditar laicidade, nosso Estado está longe de ser laico e é cristão, muito cristão... Isso me incomoda profundamente, é um absurdo que as pessoas não possam garantir os direitos dos seus entes queridos diante da lei por um impasse puramente religioso (não que eu seja a favor da lei, mas se ela existe, todo mundo deveria ser contemplado, não?).
Discussões à parte, não vim defender meu ponto de vista sobre a questão, quinta-feira passada pude presenciar um amor de 9 anos sendo celebrado em um casamento. Senti um nó na garganta quando o juiz perguntou do desejo real, senti que estava se traçando ali uma possibilidade de mudança, senti que estava vivenciado, criando História. Sonhei por alguns segundos com o futuro, imaginando minha filha adulta, andando pelas ruas com tranquilidade, ao lado de casais homossexuais, casais heterossexuais, relações de outras ordens, relações que são o que são porque funcionam, independente do rótulo que levam (desde que seja, obviamente, o desejo daqueles que as vivem), sem que isso cause medo, raiva, estranheza, vergonha...sonhei com ela vivendo em um mundo que as pessoas podem ser simplesmente o que elas são e sejam respeitadas, aceitas. Sonhei por alguns segundos, mas foi tempo suficiente para perceber o quanto ainda temos que mudar, que ainda há muito espaço para crescimento, desenvolvimento, e eu pretendo, na medida do possível, fazer parte desta História e (tentar) ajudar a minha pequena a crescer um pouco mais livre das amarras que tanto nos imobilizam até mesmo a pensar. E que assim seja!
Nenhum comentário:
Postar um comentário